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Projeto Natura Musical contempla cinco projetos da Bahia

Mariela Santiago fez um show no evento da Natura

Foi com uma bela festa, anteontem, à noite, no Bourbon Street, uma das casas de show mais tradicionais de São Paulo, que a Natura Musical anunciou a leva 2015 dos contemplados do projeto, hoje mais respeitado do que o cast de qualquer gravadora tradicional.

Foram anunciados 30 projetos em seis editais diferentes, disponibilizando R$ 6,4 milhões. O Edital Bahia corresponde a R$ 1 milhão desse montante e contemplou cinco projetos, sendo três artistas e dois coletivos: Mariella Santiago (que vai gravar um DVD ao vivo, com shows de lançamento em cinco cidades), Larissa Luz (que grava seu segundo CD solo) e Sertanília (que também grava seu segundo álbum).

Os projetos coletivos são o Festival Radioca (criado a partir do programa de rádio transmitido pela Rádio Educadora) e A Cartilha do Samba Chula, que produzirá um CD, um DVD e um livro de atividades pedagógicas a partir da tradicional manifestação cultural do Recôncavo.

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Outra baiana contemplada foi Gal Costa - no Edital Nacional -, que vai gravar um álbum ao vivo só com canções do gaúcho Lupicínio Rodrigues (com apresentações em sete cidades), intitulado Ela Disse-me Assim.

Os outros contemplados no Edital Brasil foram Chico Cesar (que grava um álbum de inéditas após sete anos), Bnegão & Os Seletores de Frequência (CD inedito), pianista e cantora Maíra Freitas (CD inédito) e o pianista pernambucano Vítor Araújo (CD com a Orquestra dos Prazeres).

Outros destaques foram Elza Soares, Emicida (Edital São Paulo), Nei Lisboa, Filipe Catto, Luiz Carlos Borges (Edital Rio Grande do Sul), Flavio Venturini, Trio de Cordas (Edital Minas Gerais), Dona Onete, Felipe Cordeiro e Sammliz (Edital Pará).

"Foi um trabalho árduo", disse Fernanda Paiva, gerente de apoios e patrocínios da Natura. "Foram mais de 4,2 mil inscrições de todo o Brasil. Mas estamos muito felizes em inaugurar o ano de comemorações dos dez anos do Natura Musical (em 2015), estreando também os editais do Rio Grande do Sul e de São Paulo", afirmou.

"Nós tentamos sempre contemplar três cestas, digamos assim: Artistas Consagrados, Novos Talentos e Formação & Legado. Assim buscamos revelar a excelência artística e a relevância cultural da música brasileira", acrescentou Fernanda.

Repercussão

Anderson Cunha e a cantora Aiace, que perfazem dois terços do trio Sertanília, estavam presentes no Bourbon Street. "Estou muito feliz", disse Anderson. "Trabalhamos tanto, com tanta seriedade, que a recompensa veio", acrescentou.

"Isso para mim é também um reconhecimento para o sertão baiano. Depois de 30 anos de axé, acho que os baianos estão aprendendo a olhar para o outro lado da Bahia", apostou Anderson.

Larissa Luz também estava lá. "O edital veio em boa hora, pois eu já estava com as ideias do segundo disco todas na cabeça", disse.

Com faixas autorais e releituras, Larissa revelou que o seu disco terá parceiros importantes da cena baiana. "Mas prefiro dizer quem serão no momento certo", despistou.

Badalada, a festa ainda contou com um pocket show com a participação de diversos artistas contemplados, como Elza Soares, Felipe Cordeiro, Mariella Santiago, Dona Onete, Filipe Catto, Larissa Luz, Emicida e a banda paulista Alafiá.

Além dos editais nacional, Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Pará também foram contemplados com seus próprios editais. A curadoria foi coordenada por Charles Gavin, também responsável pelo edital nacional e pela comissão de curadores regionais. Na Bahia, a responsável pela curadoria foi a antropóloga Goli Guerreiro.

"A gente (os curadores) recebeu todos os projetos que eles selecionaram para ser analisados. Depois nos encontramos aqui em São Paulo, para debater. Muitas vezes tínhamos que convencer outros curadores a votar em tal projeto, porque, para ser contemplado, ele tem que ser unanimidade", contou Goli.

"Mas na verdade, na votação dos projetos da Bahia, todos esses que foram contemplados foram unanimidade", completou o jornalista Alexandre Matias, curador do Edital São Paulo.

"Foi muito comentada a força dos candidatos da Bahia", acrescentou Goli. "A coisa mais importante é dar essa panorâmica na cena baiana. Selecionar um festival foi fundamental, é um prêmio para os artistas independentes. O caráter étnico dos trabalhos de Mariella e Larissa também foi peça chave. É muito importante colocar em cena artistas com esse tipo de conteúdo", observa.

Outro ponto positivo do Natura Musical foi o intercâmbio entre cenas regionais que o projeto acaba por estimular.

* O repórter viajou a convite da Natura

por Chico Castro Jr. 
Fonte: A Tarde